Ioga hoje

O Ocidente tem dado muita atenção à prática de ioga, uma tradição nascida na Índia antiga. Atualmente a maior parte das pessoas já possui algum conceito do que seja ioga, uma imagem de uma aula na qual se executam exercícios físicos e respiratórios, que promovem  bem-estar e tranquilidade. Este é o aspecto mais acessível ao público ocidental: a prática de ássanas ou posturas de hatha ioga. Esta técnica foi desenvolvido ao longo de séculos como uma forma de prepearar o corpo dos iogues para permanecer horas seguidas, imóveis, em meditação e para mantê-los saudáveis. Há muito é do conhecimento de todos que o corpo, sendo um organismo vivo só mantém sua integridade quando exerce plenamente suas funções, e a prática de ássanas vem se mostrando cada vez mais eficaz na manutenção da saúde ao propor um amplo espectro de movimentos que nenhuma outra atividade convencional pode proporcionar.

 

Ioga como exercício é a face mais conhecida dessa prática cada vez menos exótica.  Na sua origem Yoga é uma disciplina espiritual, um dos seis caminhos ortodoxos derivados dos Vedas, que tem por objetivo o encontro/união com o princípio espiritual. É uma disciplina  em que todo o esforço (tapas) é direcionado a esta meta. Ioga é o meio e o fim a ser alcançado. Corresponde à imagem do caminho que só aparece no momento em que é trilhado, sendo assim pessoal e intransferível. No entanto, os antigos mestres e seus seguidores perceberam a extrema importância de transmitir suas experiências ao longo dos séculos, formalizando um corpo de conhecimento que atravessasse o tempo de maneira fidedigna. Inicialmente esse corpo de conhecimento era transmitido oralmente na forma de versos curtos e encadeados para que fossem facilmente memorizados. Segundo a tradição, entre os séculos III e V d.C. um sábio de nome Patanjali deu a forma final ao resultado de séculos de debates entre filósofos e praticantes de ioga. Esse texto é conhecido hoje como ´´Os Yogasutras de Patanjali“.  Ele contém, de forma extremamente condensada, tudo o que o praticante deve saber e buscar. Estabelece os oito membros da ioga(seus fundamentos): 1.yama (disciplinas éticas), 2.niyama (autopurificação pela disciplina) 3.asana (postura), 4.pranayama (controle rítmico da respiração), 5.pratyahara (emancipação da mente do domínio dos sentidos), 6.dharana (concentração), 7.dhyana (meditação), e 8.samadhi (estado de supraconsciência alcançado através da meditação profunda).

 

Acredito que o sucesso dessa disciplina se deve ao seu universalismo. O ser humano seja qual for sua origem, etnia ou classe social tem dentro de si as mesmas questões básicas, os mesmos sofrimentos. Ao estudar e praticar as posturas, podemos  experimentar vários desses conceitos. A aula em grupo, como qualquer outro grupo, é um microcosmo no qual se veem refletidas todas as relações pessoais, ou seja é uma oportunidade de vivenciar cada um dos yamas. Eles são as instruções de como agir e viver bem em sociedade, são as regras básicas de conduta às quais existem equivalentes em todas as sociedades do globo. Ahimsa (não-violência), satya (verdade), asteya (não roubar), brahmacharya (continência) e aparigraha (não cobiçar) compõe os yamas.

 

O iogue pode ainda aprofundar-se na disciplina individual observando os niyamas: saucha (pureza), santosha (contentamento), tapas (ardor ou austeridade), svadhyaya (autoestudo) e Ishvara pranidhana (dedicação ao Senhor). ´´Yama e niyama controlam as paixões e emoções do iogue e o mantêm em harmonia com seus semelhantes. Os ássanas conservam o corpo saudável, forte e em sintonia com a natureza. Por fim, o iogue fica livre da consciência do corpo. Conquista o corpo e torna-o um veículo apropriado para atingir a alma.“ Diz B. K. S. Iyengar no seu livro “A luz da yoga”.

 

B. K. S. Iyengar desenvolveu um método de praticar hatha ioga aperfeiçoando a execução das posturas transformando-as em um laboratório onde todos os oito membros da ioga possam ser experimentados a partir da sua prática initerrupta (abhyasa). Este esforço como um aprendizado é o verdadeiro estudo de si mesmo (svadhyaya). Assim, ao tornar-se mais cuidadoso com o corpo, o praticante pode aprender a não-violência relacionando-a a si próprio, ao perseverar na conquista de uma postura difícil pode aprender sobre a verdade ou sobre a austeridade.

 

A observação do corpo e suas reações pode trazer muito conhecimento. Patanjali nos fala a respeito das perturbações da mente, como esta está a maior parte do tempo à deriva, sem controle. Iyengar por sua vez, expresa a conexão íntima do estado mental com as reações do corpo. Se por exemplo, o iogue executa uma postura e por alguns instantes consegue transcender seus limites físicos, ou proporcinar alívio a alguma enfermidade, essa prática pode trazer um grande apego a essa fonte de prazer e dominar os pensamentos por um bom tempo. Por outro lado se o praticante encontra alguma dificuldade, a postura pode também gerar um sentimento de repulsa por esse momento desagradável e igualmente se perder em divagações. Estas são oportunidades valiosas para o praticante preceber estas duas sensações (apego e repulsa; raga e dvesa) são meramente perturbações que devem ser transpostas pois desviam a atenção. O que realmente importa é atingir uma posição de simples observador, olhar tudo o que acontece, seja na esteira de prática, seja na vida cotidiana, com distanciamento e desapego.

 

Convivemos com a dispersão da atenção, um fenômeno que foi potencializado na sociedade atual. Impera a ideia de que devemos distribuir nossa atenção a um grande número de coisas. Na ioga, um dos passos para colocar um fim à agitação mental é praticar a contenção (pratyahara), disciplinar os sentidos para que a mente não se perca em imagens, desejos, anseios e possa tranquilamente dirigir sua atenção ao que se queira. Praticamos ioga hoje para executar uma postura difícil sem dor ou para conseguir amarrar os próprios sapatos; para saber ouvir um amigo ou familiar e evitar desentendimentos, ou para atingir o supremo objetivo da ioga: direcionar toda atenção e vontade para conhecer a verdadeira essência do ser,  que não é diferente do princípio divino.

Luciana Brandão
  


A palavra ioga grafada com “i” é um substantivo feminino e faz parte da lígua portuguesa. A opção pela transliteração internacional com “y” ocorre como referência ao sânscrito e aparece em itálico.

horários e preços

a partir de agosto de 2017

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jan/jun ou jul/dez

4 aulas

210,00

6x 190,00

8 aulas

320,00

6x 280,00

avulsa

60,00

personal

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nível básico

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É simultaneamente trabalho corporal e recuperação da vitalidade mental.